Meninos estavam acompanhados por dois rapazes brancos, um deles de férias no Rio. Família de jovem que também foi abordado denuncia racismo.
A embaixatriz mãe do menino negro que foi parado por policiais militares em Ipanema, na Zona Sul do Rio, diz que está chocada com o modo como a abordagem foi agressiva com os jovens. Um vídeo mostra o momento que os jovens foram colocados na parede e revistados na noite desta quarta (4).
Três filhos de diplomatas estavam na Rua Prudente de Moraes acompanhados de outros dois meninos brancos, que são brasileiros. A família de um deles aponta racismo na ação da polícia.
A mãe de um deles, que é embaixatriz do Gabão, afirma que o papel da polícia é proteger.
“Como que você vai apontar armas para a cabeça de meninos de 13 anos, como que é isso? Mesmos nós adultos, você me aborda, você me pergunta primeiro. E depois você me diz porque você está me abordando”, questiona a mãe Julie-Pascale Moudouté.
“Mas você não sai com uma arma e me manda colocar a mão na parede. A gente confia na Justiça brasileira e a gente quer justiça, só isso”, completa a diplomata.
Em um post nas redes sociais, a mãe de um dos adolescentes, Raiana Rondhon, contou que o grupo de quatro meninos de 13 e 14 anos que está de férias no Rio deixava um amigo na porta de casa quando foi abordado. O relato foi publicado inicialmente nas redes sociais do jornalista Guga Noblat.
“Com arma na cabeça e sem entender nada, foram violentados. Foram obrigados a tirar casacos, e levantar o ‘saco’. Após a abordagem desproporcional, testemunhada pelo porteiro do prédio, é que foram questionados de onde eram, e o que faziam ali. Os três negros não entenderam a pergunta, porque são estrangeiros, filhos de diplomatas, e portanto não conseguiram responder”, continua o relato.
“Caetano, o menino branco e meu filho, disse que eram de Brasília e que estavam a ‘turismo’. Após ‘perceberem’ o erro, liberaram os meninos, mas antes alertaram as crianças que não andassem na rua, pois seriam abordados novamente!”, completa Raiana.
Em entrevista ao RJ2, ela declarou que ficou nítida a forma como o filho dela foi tratado de forma diferente durante a abordagem.
“Eu alertei para tomar cuidado com o celular na rua, não deixar a mochila na cadeira da praia, mas que a polícia seria a maior ameaça eu nunca imaginei”, destaca a mãe.
Segundo ela, o incidente envolveu adolescentes de três países diferentes (Canadá, Gabão e Burkina Faso). O Itamaraty já foi informado e os consulados no Rio já estão em ação. Ela afirma que não há dúvida de que o desfecho da abordagem teve componentes raciais.
“As imagens, os testemunhos e o relato das crianças são claros!! Não há dúvida!! As imagens, os testemunhos e o relato das crianças são claros!! Não há dúvida!! A abordagem foi RACIAL e CRIMINOSA!! Há anos frequentamos o Rio e nunca presenciei nada parecido no quadradinho de Ipanema com meus filhos. É um lugar aparentemente seguro. Depende pra quem!!!”, escreveu.
A Assessoria de Imprensa da Secretaria de Estado de Polícia Militar diz que os policiais envolvidos na ação portavam câmeras corporais e as imagens serão analisadas para constatar se houve algum excesso por parte dos agentes.
“Em todos os cursos de formação, a Secretaria de Estado de Polícia Militar insere nas grades curriculares como prioridade absoluta disciplinas como Direitos Humanos, Ética, Direito Constitucional e Leis Especiais para as praças e oficiais que integram o efetivo da Corporação”, acrescentou a corporação.