Conforme o relatório Navigating Sustainable Retrofit in Real Estate, publicado pelo Barclays e pela consultoria Baringa, 80% dos edifícios que existirão em 2050 já estão construídos hoje, indo ao encontro da tendência de retrofit. Nesse contexto, a adaptação de imóveis existentes às exigências atuais de eficiência energética torna-se essencial para reduzir a pegada de carbono do setor imobiliário, um dos grandes desafios globais da atualidade.
Essa foi uma das pautas centrais do SOMA Day RJ, evento que marcou presença no coração da capital fluminense no final de março, reunindo grandes nomes do mercado imobiliário no AQWA Corporate, no Porto Maravilha. Com 10 horas de conteúdo e networking de alto nível, o evento proporcionou debates fundamentais sobre o Reviver Centro, Retrofit, Porto Maravilha, locações, e outros temas estratégicos que impactam o setor.
Promovido pelo Instituto Mulheres do Imobiliário, o evento chegou ao Rio de Janeiro com uma edição especial do SOMA, consolidando-se como um dos principais encontros do setor. Após edições icônicas no MASP, em São Paulo, a estreia na capital carioca reforçou a importância da diversidade e da inovação no setor imobiliário.
O evento teve como principal destaque o painel “Reviver Centro”, onde reuniu autoridades e especialistas para debater o futuro da revitalização da região central do Rio de Janeiro. O debate contou com a presença de Gustavo Guerrante, Secretário de Urbanismo do Rio de Janeiro; Marcelo Haddad, Presidente do Rio Negócios; Fatima Costa, coordenadora do ITBI na Prefeitura da Cidade do Rio de Janeiro; e o Vereador Pedro Duarte, Vereador do Rio de Janeiro, que compartilharam insights sobre os desafios e oportunidades dessa transformação urbana.
Outro momento de destaque foi o painel “Retrofit”, que apresentou a necessidade da modernização de construções antigas, como os casarões e edifícios do centro do Rio de Janeiro, a fim de revitalizar a região e promover a sustentabilidade e valorização imobiliária.
Entre os participantes deste debate estavam Vasco Rodrigues, Presidente na Fator Towers Engenharia e Construtora; Ivana Coelho Bomfim, Sócia na área de Direito Imobiliário no Cescon, Barrieu, Flesch e Barreto Advogados; Pedro Ichimaru, Sócio da Somauma; José de Albuquerque (Buca), CEO da Azo Inc. e Laura Di Blasi, Presidente do Instituto Rio Patrimônio da Humanidade.
“O retrofit é uma solução que equilibra inovação e preservação, garantindo que edifícios históricos ou ociosos se tornem mais eficientes e funcionais sem perder sua identidade original. Conversar e debater sobre o uso dessa estratégia no centro da cidade do Rio de Janeiro é fundamental para que cada vez mais o setor imobiliário consiga contribuir positivamente para a revitalização da região”, destaca a diretora-presidente do Instituto Mulheres no Imobiliário e MI2B, Elisa Rosenthal.
Retrofit é uma solução sustentável para revitalização urbana
O conceito, que preserva as características arquitetônicas originais dos edifícios ao mesmo tempo, em que os adapta às demandas contemporâneas, tem ganhado cada vez mais adeptos no setor.
No Brasil, essa tendência tem sido impulsionada por iniciativas governamentais e incentivos financeiros. A Caixa Econômica Federal, por exemplo, lançou uma linha de crédito específica para projetos de retrofit, permitindo o financiamento tanto da aquisição do imóvel quanto das obras necessárias. Uma das principais vantagens dessa linha é a possibilidade de antecipar até 50% do valor financiado, viabilizando projetos de grande porte.
Desde 2009, a zona portuária do Rio de Janeiro passa por um amplo processo de revitalização. O Museu do Amanhã, o Aquário do Rio e a roda gigante trouxeram mais movimento e beleza à região. Agora, os edifícios estão sendo retrofitados, como o edifício A Noite, na Praça Mauá. Como parte do plano de revitalização do Centro do Rio, o icônico edifício A Noite contará com 447 apartamentos e trará em seu projeto um resgate histórico de sua trajetória. Um dos destaques será a reconstrução do palco e da plateia da Rádio Nacional, antiga ocupante do imóvel, no térreo, acompanhada da instalação de dois restaurantes.
Com as obras já em andamento, a fachada em estilo art déco será preservada, passando apenas por uma alteração aprovada pelo Instituto do Patrimônio Histórico Nacional (Iphan). As esquadrias de madeira serão substituídas por estruturas de alumínio, respeitando as dimensões originais para garantir a autenticidade do patrimônio.
O Sal Rio Residencial, situado na Rua Sacadura Cabral, nas proximidades do Largo da Prainha e da Pedra do Sal, também está entre os empreendimentos que passaram por retrofit, combinando preservação histórica com modernização.
Sal Residencial: apartamentos devem ser entregues aos moradores em 2026 (Imagem: Divulgação)
Em São Paulo, programas municipais como o Requalifica Centro, oferecem incentivos fiscais e regulamentares para estimular a requalificação de prédios antigos, promovendo a ocupação desses espaços e atraindo novos moradores e empreendimentos. Exemplos bem-sucedidos desse movimento incluem empreendimentos como o Basílio 177, o Edifício Virgínia (da Somauma) e o Edifício Renata, transformados em espaços modernos e funcionais.
“Além de preservar o patrimônio arquitetônico e cultural, o retrofit reduz a vacância imobiliária, melhora a segurança e impulsiona a economia local, ao mesmo tempo, em que minimiza a necessidade de novas construções”, explica Elisa Rosenthal.
O SOMA Day RJ reforçou a importância dessas discussões para o futuro do mercado imobiliário, destacando como inovação, tecnologia e novas abordagens, como o leilão e a inteligência artificial (IA), podem transformar os espaços urbanos e impulsionar o setor. Com debates enriquecedores e a presença de grandes especialistas, o evento consolidou-se como um marco para a cidade e promete continuar fomentando soluções estratégicas para o desenvolvimento sustentável e inteligente do setor.
Daniella Pimenta 11973971591 [email protected]