Autor de canção usada em apresentação com suposta conotação sexual em escola do Rio diz que há uma versão infantil

DJ Wallace, também conhecido como MC Wallace Cavalo, conta que fez uma versão voltada para o público infantil foi criada justamente pelo sucesso com as crianças e que pediu para grupo usar versão ‘liberada’.

O DJ Wallace Santos, também conhecido no meio do funk como MC Wallace Cavalo, se pronunciou nesta terça-feira (29) sobre a polêmica envolvendo a música “Cavalo no cio”, que viralizou em uma apresentação com suposta conotação sexual em uma escola na Cidade de Deus, na Zona Oeste do Rio. De acordo com o artista, que é autor e produtor da canção, existe uma versão voltada para os menores de idade, que não foi usada na peça.

“Um ponto negativo que eu vou colocar é a versão usada na apresentação. Eu discordo. Existe uma versão voltada para o público infantil”, disse Wallace.

Ele destacou as diferenças entre a versão original, usada na apresentação no Ciep Luiz Carlos Prestes e que circulou nas redes sociais, e a música criada para as crianças.

“Em 2014, meses depois da música ser lançada, tivemos o lançamento a gravação do clipe, onde tivemos a ideia de modificar a letra da música justamente para não acontecer o que ocorreu. E, no clipe, o cavalo está no sítio e o cavalo está danadão”, destacou Wallace.
O uso de versões “proibidonas” e outras mais light é comum no funk do Rio de Janeiro, como no caso de “Cavalo no Cio” ou “Cavalo no Sítio”, na versão que Wallace contou ter criado para as crianças.

Na versão que aparece no vídeo do trecho da peça, a música é diferente.

“Vem mulher, vem galopando, que o cavalo está chamando, olha os ‘cavalo’ voltando, olha os ‘cavalo’ voltando, olha os ‘cavalo’ no cio, cavalo taradão. O cavalo ficou danado, o cavalo tá de frente, o cavalo tá do lado, o cavalo ficou danado. Galopa de frente, galopa de lado, ela vai pra frente, ela toma, ela toma, ela vai pra trás, ela toma, ela toma”, diz a letra da música durante a apresentação.

O clipe da versão infantil, que está disponível na internet, conta com crianças de uma comunidade da Zona Oeste do Rio de Janeiro e outros artistas do funk, como MC Créu, MC Gorila e o grupo Jaula das Gostosudas.

Wallace contou que a versão infantil foi criada por causa da forma como o público infantil começou a gostar da canção.

“Até hoje, todo final de semana, e não é exagero, eu recebo vídeos, áudio de crianças que são mais novas do que o tempo da música, cantando ou assistindo o clipe”, contou.

Conversa com grupo

Ele contou que conheceu a peça por meio das redes sociais e porque amigos o enviaram o vídeo no sábado (26). Wallace Cavalo destacou que entrou em contato com uma integrante do grupo, a jovem que aparece nas imagens vestida de cavalo.

“Então eu tive contato com ela e pedi para que utilizassem a versão que é voltada para o público infantil que é a versão que está no vídeo clipe original. Espero que daqui para frente tudo se resolva, que tudo dê certo. Para as pessoas que me criticaram, algumas me atacaram sem necessidade e eu não estava sabendo de nada”, disse.

O DJ e cantor destacou que orientou o grupo a usar a versão livre para o público infantil.

“As pessoas me mandam vídeo e eu fico feliz com a homenagem, mas vamos consertar o que está errado. E o que está errado é a versão usada na apresentação, que realmente não é a para criança”, disse o DJ.
Wallace criticou o uso político da polêmica e destacou que espera que o esforço empregado nas críticas também seja usado na melhoria da educação infantil.

“Vamos cuidar de verdade para que as crianças não se percam por aí. Vamos dar as mãos para solucionar cada um dos problemas que estão por aí”, afirmou Wallace.

Em 2021, Wallace viralizou de outra maneira, ao narrar um engarrafamento que provocou na Avenida Brasil.

Afastamento
A Secretaria Municipal do Rio de Janeiro afastou, na noite de terça, os diretores de quatro escolas da cidade onde aconteceram apresentações do grupo.

As direções afastadas são do CIEP Luiz Carlos Prestes, do CIEP Gustavo Capanema, da Escola Municipal Marechal Estevão Leite de Carvalho e da Escola Municipal Rivadavia Correia. Os diretores ficarão afastados durante a sindicância que apura o caso.

A partir das imagens que viralizaram, a Secretaria de Educação proibiu as apresentações do grupo nas unidades da rede municipal. A investigação do caso tenta saber a razão do espetáculo, anunciado como de classificação livre, ter levado conteúdo que foi considerado inadequado pela pasta para os alunos.

Prefeito critica

Na madrugada de terça, o prefeito Eduardo Paes criticou as imagens.

“Eu recebi esse vídeo absurdo aqui e queria entender o que que se passa na cabeça de alguém que acredita que isso aqui é algo que possa ser apresentado para crianças. Eu reagi como qualquer pessoa lúcida que viu essa gravação, com muita indignação e com repúdio. Criança está na escola para estudar, para aprender, para desenvolver habilidades”, disse o prefeito em uma rede social.

No vídeo que viralizou, uma mulher usando uma máscara de cara de cavalo aparece dançando no pátio da escola. A coreografia começa com a mulher galopando nas costas de um homem. Depois ela dança e interage com as crianças, enquanto toca a música:

O prefeito ainda ressaltou que pretende endurecer com relação as autorizações para que grupos independentes se apresentem nas escolas.

“Vamos endurecer o controle sobre qualquer apresentação, atividade ou palestras feitas nas escolas municipais da cidade, principalmente por esses grupos independentes para que isso não volte a acontecer. Não admito que a gente desperdice tempo e exponha as crianças a esse tipo de conteúdo que não é possível que alguém considere adequado a ambiente escolar”, afirmou Paes.

 

Carlos Alves

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